Ainda neste primeiro semestre de 2013, os trens de
carga não mais cortarão a cidade como tem acontecido no último século. É o que
garante o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) à reportagem da kappa, no início do
seu segundo mandato. “Em abril, a presidente Dilma [Rousseff] deve vir à
Araraquara para a inauguração do novo ramal ferroviário e dar início ao grande
projeto de reurbanização. Queremos uma nova Araraquara”, afirmou o prefeito,
acrescentando que a data foi agendada pela assessoria do governo federal, mas ainda
pode sofrer alterações, como já aconteceu. Barbieri mostrou detalhadamente o
projeto de reurbanização que pretende implantar na área onde hoje ainda passam
os trilhos e disse que vem trabalhando nele desde 2009, quando assumiu a Prefeitura
pela primeira vez. “Nossa meta é fazer um novo centro administrativo, o
município precisa passar por esta modernização e a retirada do trem é um marco
muito importante”, enfatiza.
A construção de novos acessos da Vila Xavier para o
Centro, no entanto, ficará para uma segunda fase de obras. A ideia é abrir um
acesso na altura área da rotunda onde funcionam as oficinas da América Latina
Logística (ALL), na rotatória do Posto Pirâmides, e outro na avenida Feijó. O
vice-prefeito Coca Ferraz, que é responsável pelas políticas de mobilidade
urbana do Município, vai estudar e projetar esses acessos, mas ainda não há
projeto e nem verba prevista para essa fase.
Quanto ao entrave ambiental que quase paralisou as
obras, este foi resolvido através de uma parceria entre os governos estadual e federal,
na qual o município assumiu a responsabilidade pelo plantio de 46 mil árvores
em área reservada no Parque Pinheirinho. Plantio este que já está sendo feito,
segundo o prefeito. Isso porque, para que as obras pudessem acontecer, uma área
de 20 mil m² de mata nativa em Tutóia teve que ser erradicada para a
implantação do pátio de manobras dos trens. O plantio diz respeito a essa
compensação ambiental.
A conclusão do novo ramal ferroviário agora depende da
construção de duas pontes: uma na continuação da estrada de ferro, na avenida
que liga a cidade a Américo Brasiliense, próximo ao Parque Pinheirinho; e a
outra na SP 255. Elas serão responsáveis pela ligação do ramal. A obra é de
responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
de acordo com Barbieri.
PARQUE DOS
TRILHOS - Com a retirada dos trilhos,
sobrará muito espaço verde que, segundo o projeto da Prefeitura será
disponibilizado para áreas de lazer, isso começando do Parque Pinheirinho, onde
há nascente do Rio do Ouro e descendo em todo o seu entorno. São 356 mil m² que
devem receber pistas de caminhada, quadras de esporte, ciclovias e espaços para
esportes radicais. No Parque Pinheirinho, o projeto pede a revitalização do
local e a implantação de um Parque Público com áreas impermeabilizadas,
valorizando, principalmente, o elemento água como identidade local. O intuito é
ainda o de promover a educação para a preservação do meio ambiente. O projeto
inclui também a recuperação de córregos, como o Ribeirão do Ouro e o Ribeirão
das Cruzes. “Estamos negociando com o BID e são 26 milhões de dólares. Fizemos
um estudo e dividimos em áreas menores. Fomos à Secretaria de Estado do Meio
Ambiente para negociar recursos para uma parte do Rio do Ouro, que é a parte
que inundou e que não está nesse financiamento que já foi liberado. Vamos fazer
a desapropriação das margens e começar o plantio de árvores para uma área verde
forte dentro da cidade”, diz Barbieri. Toda a extensão do Rio do Ouro deve ser
remodelada, integrando a área verde com a área urbana, por meio das passarelas
para pedestres e pistas para veículos automotores. Há ainda o projeto de
implantação de um sambódromo para o desfile das escolas de samba de Araraquara.
CENTRO
ADMINISTRATIVO - Uma das partes mais
ambiciosas do projeto de Barbieri é a construção de um centro administrativo
que deverá centralizar órgãos públicos: Prefeitura, Câmara, Fórum, além das
Secretarias Municipais seriam transferidos para esse centro, em prédios de três
andares. Trata-se de uma área de 85 mil m² situada bem próxima do Centro Internacional
de Convenções, Arena da Fonte e de uma futura Estação Gastronômica. Mas, para
isso, além dos recursos, a Prefeitura precisaria ainda desapropriar uma área
onde hoje funciona uma fábrica de artefatos de concreto, e remanejá-la para
outro lugar.
ESTAÇÃO
GASTRONÔMICA - Seguindo
o projeto de uma nova Araraquara, Barbieri diz que a Prefeitura já negocia com
o governo federal a concessão dos antigos prédios da Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), onde estima-se a implantação de uma
Estação Gastronômica inspirada na do Porto Madeira de Buenos Aires, na
Argentina. “Com a retirada dos trilhos do Centro de Araraquara, os barracões
perderão sua função principal”, justifica o prefeito, acrescentando que se
trata de uma área de 238 mil m². No local, ele quer criar uma Estação Gastronômica
com restaurantes, bares, áreas de lazer, estacionamento e quadra de esportes.
Museus, centros
culturais e de lazer
Marcelo Barbieri afirmou que há inúmeros projetos
visando áreas de lazer e centros culturais em muitas das partes fragmentadas do
trecho que ficará sem os trilhos. Um destes projetos está ligado ao Museu
Ferroviário. Segundo o prefeito, a intenção é incrementar ainda mais o que já
existe. “Os armazéns ao lado da estação já são nossos, temos projetos para a
recuperação destes imóveis. É uma área de 22 mil m² e a intenção é fazer um
deck de madeira e uma grande área para eventos culturais, incluindo ciclovias,
pista para pedestres, dentre outras”, disse.
Há ainda o projeto de um Museu da Mobilidade Urbana de
Araraquara, que seria implantado na área das oficinas da América Latina
Logística (ALL). “É uma área de 17mil m² que seria utilizada para atividades
culturais, cientificas, Museu da História da Mobilidade Urbana, anfiteatro, biblioteca,
Escola Mirim de Trânsito, espaços livres para colocar quadras, área de lazer.
Aqui tem uma nascente e deve-se fazer uma lâmina d’água. São ideias que estão
sendo trabalhadas. Não é um projeto final”, enfatiza. O projeto prevê ainda a
implantação de uma Escola Mirim de Trânsito e um Centro da Sustentabilidade e
História Natural.
Busca de
recursos
Para colocar em prática esse projeto de uma nova
Araraquara, o prefeito Marcelo Barbieri admite que ainda vai ter que trabalhar
muito em busca de recursos. Parte da verba para o início das obras deve vir do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que, segundo ele, “já pré-aprovou
o projeto araraquarense”. “O projeto do Parque dos Trilhos já passou pela
comissão de empréstimos exteriores, denominada Cofiex [Comissão de
Financiamentos Externos], e já estamos em uma fase avançada de negociação”,
diz.
Ele acredita que a preocupação ambiental demonstrada
pelo município e ratificada pelas conquistas do Selo Verde abriram muitas
portas. “O BID, quando foi analisar nosso projeto, prestou atenção em toda a
prática ambiental da cidade, porque ele financia projetos de mobilidade urbana,
de melhorias fiscais e de meio ambiente. E esse projeto engloba os três: a
implantação de novas vias, a mudança da prefeitura para um sistema mais moderno
que vai melhorar a questão fiscal, e a questão ambiental. Nós pré-aprovamos o
projeto no BID, agora tem que ir para o Senado, para que autorize o empréstimo.
É um pagamento a longo prazo. Mas, sem dúvida, será a grande mudança na vida de
Araraquara”, conclui o prefeito, que se mostra confiante na implantação de
todas as obras.
Publicado em 05 de fevereiro de 2013 na edição 60 da Revista Kappa
Fotos: Mateus Rigola
Nenhum comentário:
Postar um comentário