terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Trilhos saem do centro da cidade neste primeiro semestre


Ainda neste primeiro semestre de 2013, os trens de carga não mais cortarão a cidade como tem acontecido no último século. É o que garante o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) à reportagem da kappa, no início do seu segundo mandato. “Em abril, a presidente Dilma [Rousseff] deve vir à Araraquara para a inauguração do novo ramal ferroviário e dar início ao grande projeto de reurbanização. Queremos uma nova Araraquara”, afirmou o prefeito, acrescentando que a data foi agendada pela assessoria do governo federal, mas ainda pode sofrer alterações, como já aconteceu. Barbieri mostrou detalhadamente o projeto de reurbanização que pretende implantar na área onde hoje ainda passam os trilhos e disse que vem trabalhando nele desde 2009, quando assumiu a Prefeitura pela primeira vez. “Nossa meta é fazer um novo centro administrativo, o município precisa passar por esta modernização e a retirada do trem é um marco muito importante”, enfatiza. 
A construção de novos acessos da Vila Xavier para o Centro, no entanto, ficará para uma segunda fase de obras. A ideia é abrir um acesso na altura área da rotunda onde funcionam as oficinas da América Latina Logística (ALL), na rotatória do Posto Pirâmides, e outro na avenida Feijó. O vice-prefeito Coca Ferraz, que é responsável pelas políticas de mobilidade urbana do Município, vai estudar e projetar esses acessos, mas ainda não há projeto e nem verba prevista para essa fase.
Quanto ao entrave ambiental que quase paralisou as obras, este foi resolvido através de uma parceria entre os governos estadual e federal, na qual o município assumiu a responsabilidade pelo plantio de 46 mil árvores em área reservada no Parque Pinheirinho. Plantio este que já está sendo feito, segundo o prefeito. Isso porque, para que as obras pudessem acontecer, uma área de 20 mil m² de mata nativa em Tutóia teve que ser erradicada para a implantação do pátio de manobras dos trens. O plantio diz respeito a essa compensação ambiental.
A conclusão do novo ramal ferroviário agora depende da construção de duas pontes: uma na continuação da estrada de ferro, na avenida que liga a cidade a Américo Brasiliense, próximo ao Parque Pinheirinho; e a outra na SP 255. Elas serão responsáveis pela ligação do ramal. A obra é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de acordo com Barbieri. 

PARQUE DOS TRILHOS - Com a retirada dos trilhos, sobrará muito espaço verde que, segundo o projeto da Prefeitura será disponibilizado para áreas de lazer, isso começando do Parque Pinheirinho, onde há nascente do Rio do Ouro e descendo em todo o seu entorno. São 356 mil m² que devem receber pistas de caminhada, quadras de esporte, ciclovias e espaços para esportes radicais. No Parque Pinheirinho, o projeto pede a revitalização do local e a implantação de um Parque Público com áreas impermeabilizadas, valorizando, principalmente, o elemento água como identidade local. O intuito é ainda o de promover a educação para a preservação do meio ambiente. O projeto inclui também a recuperação de córregos, como o Ribeirão do Ouro e o Ribeirão das Cruzes. “Estamos negociando com o BID e são 26 milhões de dólares. Fizemos um estudo e dividimos em áreas menores. Fomos à Secretaria de Estado do Meio Ambiente para negociar recursos para uma parte do Rio do Ouro, que é a parte que inundou e que não está nesse financiamento que já foi liberado. Vamos fazer a desapropriação das margens e começar o plantio de árvores para uma área verde forte dentro da cidade”, diz Barbieri. Toda a extensão do Rio do Ouro deve ser remodelada, integrando a área verde com a área urbana, por meio das passarelas para pedestres e pistas para veículos automotores. Há ainda o projeto de implantação de um sambódromo para o desfile das escolas de samba de Araraquara.

CENTRO ADMINISTRATIVO - Uma das partes mais ambiciosas do projeto de Barbieri é a construção de um centro administrativo que deverá centralizar órgãos públicos: Prefeitura, Câmara, Fórum, além das Secretarias Municipais seriam transferidos para esse centro, em prédios de três andares. Trata-se de uma área de 85 mil m² situada bem próxima do Centro Internacional de Convenções, Arena da Fonte e de uma futura Estação Gastronômica. Mas, para isso, além dos recursos, a Prefeitura precisaria ainda desapropriar uma área onde hoje funciona uma fábrica de artefatos de concreto, e remanejá-la para outro lugar.
ESTAÇÃO GASTRONÔMICA - Seguindo o projeto de uma nova Araraquara, Barbieri diz que a Prefeitura já negocia com o governo federal a concessão dos antigos prédios da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), onde estima-se a implantação de uma Estação Gastronômica inspirada na do Porto Madeira de Buenos Aires, na Argentina. “Com a retirada dos trilhos do Centro de Araraquara, os barracões perderão sua função principal”, justifica o prefeito, acrescentando que se trata de uma área de 238 mil m². No local, ele quer criar uma Estação Gastronômica com restaurantes, bares, áreas de lazer, estacionamento e quadra de esportes.


Museus, centros culturais e de lazer
Marcelo Barbieri afirmou que há inúmeros projetos visando áreas de lazer e centros culturais em muitas das partes fragmentadas do trecho que ficará sem os trilhos. Um destes projetos está ligado ao Museu Ferroviário. Segundo o prefeito, a intenção é incrementar ainda mais o que já existe. “Os armazéns ao lado da estação já são nossos, temos projetos para a recuperação destes imóveis. É uma área de 22 mil m² e a intenção é fazer um deck de madeira e uma grande área para eventos culturais, incluindo ciclovias, pista para pedestres, dentre outras”, disse.
Há ainda o projeto de um Museu da Mobilidade Urbana de Araraquara, que seria implantado na área das oficinas da América Latina Logística (ALL). “É uma área de 17mil m² que seria utilizada para atividades culturais, cientificas, Museu da História da Mobilidade Urbana, anfiteatro, biblioteca, Escola Mirim de Trânsito, espaços livres para colocar quadras, área de lazer. Aqui tem uma nascente e deve-se fazer uma lâmina d’água. São ideias que estão sendo trabalhadas. Não é um projeto final”, enfatiza. O projeto prevê ainda a implantação de uma Escola Mirim de Trânsito e um Centro da Sustentabilidade e História Natural.

Busca de recursos
Para colocar em prática esse projeto de uma nova Araraquara, o prefeito Marcelo Barbieri admite que ainda vai ter que trabalhar muito em busca de recursos. Parte da verba para o início das obras deve vir do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que, segundo ele, “já pré-aprovou o projeto araraquarense”. “O projeto do Parque dos Trilhos já passou pela comissão de empréstimos exteriores, denominada Cofiex [Comissão de Financiamentos Externos], e já estamos em uma fase avançada de negociação”, diz.
Ele acredita que a preocupação ambiental demonstrada pelo município e ratificada pelas conquistas do Selo Verde abriram muitas portas. “O BID, quando foi analisar nosso projeto, prestou atenção em toda a prática ambiental da cidade, porque ele financia projetos de mobilidade urbana, de melhorias fiscais e de meio ambiente. E esse projeto engloba os três: a implantação de novas vias, a mudança da prefeitura para um sistema mais moderno que vai melhorar a questão fiscal, e a questão ambiental. Nós pré-aprovamos o projeto no BID, agora tem que ir para o Senado, para que autorize o empréstimo. É um pagamento a longo prazo. Mas, sem dúvida, será a grande mudança na vida de Araraquara”, conclui o prefeito, que se mostra confiante na implantação de todas as obras.

Publicado em 05 de fevereiro de 2013 na edição 60 da Revista Kappa
Fotos: Mateus Rigola 

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